lunes, 10 de noviembre de 2008

MALDITO ARMÁRIO

Ok, ok, eu sei que tenho esse péssimo hábito de cutucar meu nariz. E faço isso todas as noites mesmo antes de eu saber o que eram noites. E o pior que, por pura força do hábito, acabo fazendo isso na frente dos outros sem perceber. É terapêutico, é relaxante. Não, não, o pior mesmo é que ao invés de fazer uma bolinha e jogar por aí (pessoas educadas limpam num papel higiênico) eu faço uma bolinha, brinco um pouco, e depois grudo em algum lugar.
Lembro de uma vez em que não fazia muito tempo estava trabalhando num escritório e estava sozinho na sala do chefe e coloquei uma estrategicamente no batente da porta, num lugar onde não deveria ser visto e saí. Só que a faxineira viu, correu pro banheiro e vomitou. Cinco minutos depois reunião. Meu chefe só juntou os homens, porque ele preferiu imaginar que mulher nenhuma teria feito aquilo. Daí ele começou:
- Eu não vou citar nomes – BOI – de quem fez isso. Eu não sei quem foi – BOI! Mas por favor, quem fez isso – BOI – nunca mais faça de novo.
Eu neguei até à morte. Não queria perder meu emprego por uma catota mal posicionada.
Uma vez, não faz muito tempo, achei umas fotos do meu 1° aniversário. Eu olhava praquele pirralho cabeçudo e magrelo e não conseguia me identificar. Poderia ser qualquer outra criança de 1 ano. Mas em uma das fotos eu estava meio que escondido atrás do meu pai, com cara de culpado, e com o dedo no nariz. Eu vi aquilo e gritei:
- Puta merda! Esse só pode ser eu!
Mas de noite que as coisas ficam realmente boas. Toda noite antes de dormir, já deitado e com as luzes apagadas, eu faço a limpeza noturna. É sempre nesse momento que brota alguma idéia na cabeça e lá vou escrever (como hoje, e já são 4 da manhã), mas antes disso eu sempre faço a bolinha, brinco um pouco e coloca atrás da cama. É sempre na cama, mas não só na cama, que eu as coloco. Todas as minhas camas têm a prova irrefutável que eu já passei por lá. Por todo lugar onde passo, se as pessoas virarem as cadeiras, encontrarão lembranças minhas. São as minhas obras primas.
Eu sempre soube que isso poderia me causar problemas com as mulheres, se elas descobrissem, é lógico, só que elas sempre descobrem.
Como da vez em que eu estava morando com uma mulher de quem eu realmente gostava. Ela já havia me visto cutucar lá dentro algumas vezes, mas depois da quarta ou quinta vez eu comecei a prestar atenção antes de enfiar o dedo. Ela nem fazia idéia de que eu continuava fazendo isso toda noite depois que ela dormia, mas por respeito eu sempre lavava a mão depois disso.
Até o dia em que ela queria reorganizar o quarto e eu estava ajudando.
- Tá, agora vamos mudar essa cama e colocá-la naquela parede.
- Agora?
- É. Agora.
- Mas ela está bem aqui onde está.
- Não, aí vai ficar o armário novo.
Maldito armário novo.
- Ok, então vai lá fora e pega uma pá e uma vassoura.
- Pra quê?
- Acredite em mim. Vai lá e pega, por favor.
- Tá bom...
Ela foi e voltou.
- Agora espera lá fora.
- O que você vai fazer?
- Só faz o que eu tô te pedindo, vai ser melhor pra você.
- Mas eu quero saber pra que isso.
- Te conto quando acabar. Te juro.
Virei a cama e lá estava. Anos e anos juntando caca e colocando atrás da cama todas as noites. Era realmente bonito. Cada marca representava um dia da minha vida desde que me mudara. Como os presos que fazem marcas na parede para contar os dias. Era um calendário feito pelos homens das cavernas feito por um dos seus remanescentes.
Onde está a merda do celular quando se precisa dele?
- Amor, pega meu celular em cima da tv. E sem perguntas. Daqui a pouco te explico.
Tirei uma foto que realmente ficou boa e comecei a limpeza com peso no coração. Ou as melecas ou a mulher da minha vida, pensei. Não peraí, não tem nem o que pensar aqui.
Raspei tudo com a pá, varri o chão e joguei tudo pela janela.
Abri a porta.
- Olha, porque eu realmente amo você, tem como pegar o veja e um pano?
Limpei tudo com cuidado pra não deixar nenhuma sobra. Parecia novo depois disso, a não ser pelo fato de ficarem muitas manchas onde antes havia catotas.
Coloquei a cama no lugar e abri a porta. Sabia que teria que contar a verdade.
- Sabe, amor...
(Pausa)
Daí contei basicamente a mesma história que está aqui.
Uma das coisas que eu realmente gosto nela é o fato de nunca saber como ela reagiria com as coisas que eu contava, era realmente imprevisível. Com coisas grandes ela olhava pra mim e dizia “ok, tudo bem”, como quando eu bati o carro ou perdi o emprego. Agora com coisas pequenas é “puta que pariu, Daniel! Você é foda!”. Como logo quando ela se mudou e viu o lixo do banheiro sem saco plástico e os papéis de merda jogados de qualquer jeito lá, muitos até olhando pra ela, foi o clássico “puta que pariu, Daniel! Você é foda!” Ou quando eu não arrumava a cama “puta que pariu...”, daí eu dizia:
- Amor, se eu pensasse em arrumar as coisas, em primeiro lugar eu já não teria bagunçado, simplesmente não faria sentido, não é mesmo?
Não colou.
Ou quando eu não lavava a louça.
- Amor, eu simplesmente fico aqui sentado esperando que esse tipo de coisa se resolva sozinho.
- Você não está esperando que eu lave, né?
Sim.
- Não, claro que não.
Mas ela sabia quem eu era desde a primeira vez que fui no apartamento dela anos atrás. Eu queria usar o banheiro e ela disse pra eu não entrar lá (eu imaginei que deveria ter uma pilha de roupas sujas, ou um casal de velhinhos esquartejados na banheira) que ela não queria que eu visse (mulheres também são meio porcas), daí eu saí do apartamento e bem ao lado da porta havia um vaso grande com uma planta, abaixei o zíper e mijei no chão, depois chacoalhei e voltei (é, mas acho que os homens são piores). Não me lembro de ter lavado as mãos.
(Voltando)
- Puta que pariu, Daniel! Você é foda!
Eu já imaginava.
Só que dessa vez a coisa foi realmente séria. Discutimos por um bom tempo até ela fechar a porta e eu ter que dormir no sofá.
Como um amigo meu uma vez sabiamente disse: “O homem que tem que escolher o sofá de casa, porque invariavelmente é lá que ele vai passar algumas noites.”
Se ela soubesse que a cama era só o depósito principal e que havia muitos outros espalhados pela casa, ela terminaria comigo. Decidi que na primeira oportunidade eu limparia tudo.
Apaguei as luzes, me deitei e fiz a limpeza noturna, colocando tudo depois em baixo do sofá. Tudo o que eu pensava era “maldito armário”.
Dormi.
Acordei de madrugada assustado. Era ela me cutucando toda manhosa pedindo pra eu dormir na cama com ela. Eu fui.
Não precisou de muito tempo pras coisas começarem a esquentar. E quando eu já estava de pau duro ela começou a chupar eu dedo. Eu sabia que seria dali pra baixo.
- Que gosto estranho.
- Putz, esqueci de lavar a mão.
- Puta que pariu, Daniel! Você é realmente um filho da puta!
Começou tudo de novo, só que dessa vez eu nem abri a boca, simplesmente não tinha argumentos. Ela colocou a roupa, pegou as chaves do carro e saiu. Voltando só alguns dias mais tarde pra pegar suas coisas.
Acabei sem mulher e sem melecas e depois concluí que a foto das catotas era melhor do que todas as fotos que eu ainda tinha dela. Bem, seria um longo caminho, mas faria tudo de novo.

martes, 30 de septiembre de 2008

PEQUENA PENSÃO DOS HORRORES

Já se haviam passado dois meses que eu estava em Buenos Aires nutrindo meu sonho de encontrar uma Argentina rica enquanto minhas dívidas no Brasil caducavam. As coisas estavam indo bem: arrumara um emprego, tinha um lugar descente pra dormir e tinha comida na mesa. Mas isso não iria durar muito.
Acontece que naquele mês de Julho os preços do lugar onde eu estava iriam subir por causa da temporada, mas voltariam ao normal no mês seguinte, daí eu pensei: “Bem, eu moro em qualquer outro lugar e no mês que vem eu volto pra cá”. Mas as coisas foram bem diferentes.
Minha chefe encontrara um lugar mais ou menos perto do trabalho e com um preço abaixo da média, e como a grana andava curta eu não pensei duas vezes em arrumar as minhas coisas e ir pra tal “pensão familiar”.
Cheguei ao lugar com meu amigo e pensei comigo mesmo quando vi a fachada “nada mal, nem precisava tanto”. Mal sabia eu que faltava e muito.
Apertei a campanhia e uma velha muito estranha atendeu. Não fui com a cara da dona logo de cara, nem ela com a minha.
- Você é brasileiro?
- Sou sim.
- Minha filha se casou com um e foi uma péssima experiência.
Se casar por si só é uma experiência ruim.
A pensão tinha 3 andares. No primeiro a velha morava com o marido e a filha, no segundo tinham quartos maiores e dois banheiros, no terceiro os quartos menores e só um banheiro, o lugar não tinha cozinha. Eu fiquei com um dos quartos realmente menores.
Quando entrei no meu quarto fiquei abismado. Que lugar de merda! Mas era isso ou dormir na rua. Eu realmente tive motivos pra pensar assim, e olha que eu não tenho nem um pouco de frescura, o quarto tinha 3x1,5m com as paredes de madeira compensada e o teto de isopor. Tudo o que cabia no quarto era eu, minhas coisas, uma cama menor do que eu, um armário cheio de venenos de baratas e uma cadeira que em eras passadas já fora vermelha.
Bem, era isso ou a rua. Pelo menos tinha uma janela pra rua, alguns dos outros quartos tinham janelas pros corredores.
Como o lugar não tinha cozinha o fogareiro de duas bocas ficava no corredor, tinha uma geladeira em cada andar, mas como eu não pensava em cozinhar não fazia diferença. O banheiro era nojento. A privada não tinha assento e a pia ficava sempre cheia de restos de comida, já que não tinha onde os caras lavarem a comida. Cozinha deve ser coisa de rico, só pode. Naquele banheiro peguei uma micose fodida logo nos primeiros dias que durou semanas. Pra piorar ainda teve alguém com senso de humor maior do que a maioria que começou a decorar as frestas do banheiro com pedaços de papel higiênico cheios de merda. Puta que pariu! Pelo menos tinha água quente.
Os primeiros dias foram os piores, mas como eu trabalhava passava a maior do tempo fora, só voltando pra tomar banho e dormir. Complicado mesmo eram os finais de semana, onde tudo o que eu fazia era ler e ler mais um pouco. Lia um a dois livros por final de semana, era tudo o que eu podia fazer, porque ficar de bobeira naquele frio não era uma idéia muito boa. E ainda tive a sorte de pegar um dos invernos mais rigorosos da história daquele lugar, tanto que até nevou depois de quase 80 anos. E posso dizer que as paredes de madeira e o teto de isopor não ajudaram muito. Fazia incursões diárias pra padaria comprar a minha única refeição do dia e à noite quando a fome apertava eu roubava algum leite da geladeira. Alguns chamariam isso de ato vergonhoso, eu de sobrevivência.
E as pessoas que moravam lá... Tinha um velho desdentado que todo dia quando me via falava sempre a mesma coisa:
- Que frio, não?
- É.
- Eu fiquei no seu quarto por 4 anos e quase morri de frio.
- É mesmo?
- Mudei de quarto por causa do frio, agora no que estou não tem janelas.
O quarto dele era o menor da pensão e o mais barato. Me senti com sorte. Poderia ser pior.
- Mas até o final do ano eu me mudo daqui. Vou pra um lugar melhor.
O céu?
- Claro.
E isso se seguiu por todos os dias nos dois meses em que fiquei lá. Ele não saia da pensão e vivia à base de bifes que me deixavam com mais fome. Igual o cara da pensão do Arturo Bandini, mas pelo menos ele nunca me pediu dinheiro emprestado.
O único amigo dele era o velho que morava no quarto na frente do meu. Esse não tinha nenhum dente e quando falava comigo eu só concordava porque nunca entendi uma só palavra do que ele dizia. Esse velho vivia de limpar vitrines nas lojas e o quarto dele tinha livros e garrafas de bebidas até o teto. Fiquei preocupado em acabar minha vida igual a ele.
Havia também um cara que todas as noites ouvia o Rei Roberto Carlos em espanhol, e no quarto ao lado do meu tinha a única mulher da pensão que só vi uma vez.
Mas o melhor de todos era o vizinho da direita. Mestre Davi. O cara mais feio que vi por aqueles lados. Num belo sábado estava eu deitado lendo quando alguém bate à minha porta.
- Oi, tudo bem?
- Oi.
Ele também não tinha vários dentes.
Percebi depois que as pessoas que moravam na parte de baixo pareciam muito mais saudáveis que as da parte de cima. As que moravam no meu andar precisavam de planos odontológicos urgente, e muitos de dentaduras.
- Eu estou indo ao mercado e queria saber se você não precisava de alguma coisa.
- Não. Eu estou bem, só um pouco gripado.
- Você é brasileiro?
- Sou sim.
Daí ele sorriu. Preferia que não tivesse. Aquela boca era monstruosa.
- Eu gosto de brasileiros. São todos “buena onda”.
- Bem, eu gosto de pensar que sou.
- Vou comprar um remédio pra você.
- Ok.
- Já volto.
Alguns minutos depois ele bate na porta de novo.
- Comprei essa garrafa de vinho pra você.
- Obrigado.
- Antes de dormir aqueça um pouco e beba. No dia seguinte você vai se sentir muito melhor porque o álcool mata os anti-corpos.
Eu nem me dei ao trabalho de explicar o que eram anti-corpos. Só agradeci.
- Pode deixar que eu tomo. A propósito, meu nome é Daniel.
- Prazer, eu sou Davi. Quer tomar uma cerveja?
- Claro.
Eu estava pensando em beber aquele final de semana mesmo. Minha chefe, com quem eu havia ficado por um tempo, havia me chutado naquela semana porque ao invés de procurar trabalho numa lanchonete como lavador de pratos eu fiquei na casa do meu amigo tomando cerveja, e assim eu não poderia dar um futuro pra ela. A mesma merda de sempre. Mas essa eu queria ver: "lavador de pratos brasileiro dá futuro pra garota rica argentina", só na cabeça dela.
Ficamos um tempo bebendo cerveja e conversando. O cara até que era gente fina. Ele tinha ex-mulher e filho e estava naquele lugar porque gastava todo o dinheiro dele com bebida. Não tem como não sentir compaixão por um cara desse. Pode ser o futuro de qualquer um de nós.
- Gasto todo meu dinheiro com bebida e putas.
- É o mal de todos nós.
- E tem que ser com puta mesmo. Porque mulher só quer saber de futuro.
Olha só! Até nossos problemas eram parecidos.
- Vem cá. Olha isso. – ele me convida.
E o cara me mostra o quarto. Nossos quartos eram do mesmo tamanho, mas de algum jeito sobre-humano o dele era bem mais bagunçado que o meu. E eu achava que isso era impossível.
- Olha isso. Olha onde eu moro. Vou dar futuro pra quem com isso? Não tenho futuro nem pra mim.
Ele era um cara que sabia das coisas.
Acabaram as cervejas e fomos pro bar. Depois pra outro e mais outro. Num deles saímos sem pagar a conta. Ele era definitivamente um dos meus. Só que ficava bêbado muito rápido. Tentamos jogar bilhar, mas fomos barrados porque o cara mal conseguia ficar em pé.
- Vamos pro puteiro então. Eu pago – ele disse.
Bem que eu queria, mas ele não conseguiria chegar lá. Decidi que era melhor levá-lo pra casa.
O caminho todo fui carregando ele no braço, e quando eu achava que não conseguiria mais, chegamos na pensão. Subimos as escadas, joguei ele na cama e fui escovar os dentes. Na volta dei uma olhada pra ver como ele estava. Ele estava caído no chão com a cara em cima de um copo cheio de cinzas de cigarro. Peguei o cara e o joguei em cima da cama de novo. Fui pro meu quarto e ouvi o baque dele caindo de novo no chão. Agora ele estava por conta própria.
Fiquei sem vê-lo por alguns dias, até o fatídico dia que ele me chamou pra beber de novo. Disse que não podia pois teria que trabalhar cedo no dia seguinte. Pra ele não fez diferença porque ele bebeu sozinho e ficou enchendo o meu saco a noite toda. Não só o meu como de todo mundo até às 3 da manhã. Ele gritava, cantava, batia na minha frágil parede pra eu beber com ele, mas quando ele tentou entrar na minha porta eu fiquei puto e pensei: ou eu bato nesse cara ou vou chamar alguém que tenha autoridade pra conter esse maldito. Chamei o dono da pensão, que falou um monte pra ele, desligou a luz e trancou a porta. Fazer o quê? O cara tava mais fodido que eu e me pagou algumas cervejas alguns dias antes.
No dia seguinte de manhã ele já estava acordado e pelo que parecia não se lembrava de nada. Me chamou até pra tomar café-da-manhã com ele, mas disse que estava atrasado. Desci pro andar de baixo eu fui dar uma cagada. Nisso o dono da pensão subiu , falou um monte pro pobre Davi e o expulsou da pensão. Ele ainda disse que se saísse de lá teria que dormir na rua, mas o velho não se comoveu. Nunca mais o vi.
Morei naquele lugar por dois meses, e a maioria do tempo eu passei lá lendo, bebendo e vomitando. E depois fiquei cansado de passar fome e frio e decidi que era hora de voltar e tentar alguma coisa por aqui de novo. Ganhei alguma experiência nisso tudo, algumas foram boas, mas a maioria não. Demorei mais de um mês pra me acostumar com minha cama de novo e percebi que fiz um desnível só de um lado porque a cama que eu dormia na pensão era menor do que eu e assim não dava pra me esticar direito
Ainda penso nas pessoas que estão por lá, lugar onde muitos moram há anos e será onde eles eventualmente irão morrer. Por sorte eu não.

MULHER É TUDO A MESMA COISA

Era uma noite fria como todas as outras. Depois de passar a maior parte da noite na casa do meu amigo fumando maconha, decidimos que seria bom emendar para outro lugar. O bar mais próximo, no caso. Mas não era o tipo de bar que eu estava acostumado com mesas de bilhar, bebidas baratas e pessoas realmente bêbadas – esse lugar era pra pessoas civilizadas. Grande merda. Desde que eu não pagasse...
Então lá fomos nós – eu, uma amiga (que posteriormente se tornaria minha chefe num dos trabalhos mais idiotas da minha vida, e pelo que tudo indicava estava interessada em mim) e a amiga dela. Fomos a pé até o lugar. Nada de mais foi dito no caminho, até porque elas não sabiam falar a minha língua, e eu estava aprendendo a delas. Mas bêbados falam numa língua universal.
Chegamos. Que lugarzinho mais estranho. Definitivamente não é meu tipo de lugar.
- O que vocês vão beber?
- Cerveja pra mim. – eu digo.
- Pra mim também.
- Eu vou querer um suco.
- Suco? Mas quem caralhos toma suco num lugar desses às duas da manhã? – esse foi eu pensando.
- Estou de dieta.
Deveria mesmo. Vê se cria vergonha e perde uns quilos pra entrar no padrão boi de qualidade. Isso foi o que eu gostaria de ter dito. Ao invés disso eu disse:
- Pára de frescura e toma uma cerveja com a gente.
- Cerveja eu não tomo, mas tomo uma dose de tequila se vocês quiserem.
- É claro que eu quero!
Pedimos. O garçom trouxe e disse:
- Tem que pagar agora.
Faço uma mesura exagerada para pagar minha carteira.
- Pode deixar que a gente paga essa.
- É, quando você estiver trabalhando você compra alguma coisa pra gente.
- Claro. – Mal sabia ela...
Depois disso vieram mais tequila e mais cerveja e elas continuaram pagando, e eu bebendo. Comecei a ficar bêbado.
- Peraí que eu vou ao banheiro.
Essas coisas são programadas nos mais sutis dos detalhes por forças superiores, porque quando eu abri a porta do banheiro o vômito subiu e tudo foi despejado no seu devido lugar: um pouco na privada, um pouco no chão e mais um pouco no meu tênis. Por sorte nada na minha calça. Respiro fundo, saio e me olho no espelho. Que bom, não pareço tão bêbado como realmente estou. Assim é melhor porque acaba vindo mais cerveja. Bebo doses cavalares de água pra tirar o gosto de esgoto da boca e volto pra mesa. Mais cerveja.
Quando a coisa estava ficando boa alguém anuncia:
- O bar já está fechando.
- Pra onde vamos agora?
- Eu não quero voltar pra casa.
- Agora que está ficando bom.
- Vamos pra outro bar então.
Eba!
Foi só atravessar a rua.
Droga, acabaram meus cigarros!, penso comigo mesmo.
- Droga, acabaram meus cigarros!
- Eu compro pra você.
Assim é fácil demais.
O bar que entramos era ainda pior. Tinha uma pista de dança. Homens machões não dançam. Por sorte pegamos uma mesa mais afastada.
Chegou mais cerveja. A essa hora eu nem fazia mais questão de fingir pegar minha carteira.
- Vamos dançar?- minha futura chefe me pergunta.
Você só pode estar zuando com a minha cara.
- Eu não danço.
- Por favor.
- Ok.
Eu realmente me esforcei pra dançar direito. Tentei me lembrar do Sidney Magal dançando num programa qualquer de Domingo, mas falhei miseravelmente.
- Meu deus! Você não sabe dançar?
- Deu pra perceber?
- Mas você é brasileiro.
- Eu também não sei jogar futebol.
Desisti. É melhor eu me concentrar na cerveja.
A outra me diz:
- Agora você vai dançar comigo.
Bem, um pouco mais de humilhação pública nunca fez mal a ninguém bêbado.
Elas riram de novo.
Já era de manhã quando o lugar fechou.
- Você tem dinheiro pra condução?
Agora eu estava a disposto a realmente não gastar nada.
- Hum... Bem...
- Toma. Pra você pegar o ônibus.
E assim elas se despediram de mim.
Aconteceu que naquela noite eu bebi demais (o que não é nenhuma novidade), mas elas realmente estavam esperando alguma coisa de mim. Eu só pude dar o meu tempo pra elas. Alguns dias depois eu acabei dando bem mais do que isso. Mas foi uma boa noite, pra mim.
Peguei o ônibus, dormi, acordei, desci, dei uma mijada na rua, toquei algumas companhias a esmo e fui comprar um alfajor, que naquela cidade era uma das poucas coisas boas que ela tinha pra oferecer.

lunes, 29 de septiembre de 2008

IGREJA SERVE PRA ALGUMA COISA

Meus dias de sorte já há muito tempo se acabaram. Já fazia um tempo toda a alegria que eu tinha me era proporcionado pelos meus amigos, e isso já estava me irritando, e imagino que a eles também. E quando eles disserem “chega” aí sim eu estarei fodido.
Mas a vida não é só lamentos. Porém, justo quando eu estava realmente disposto a conseguir um emprego eu acabei quebrando meu dedo numa queda vertiginosa a 100 Km/h na frente do pior bilhar da região. Se eu estava bêbado? Que pergunta mais retórica. Levei 3 pontos na mão depois de tomar um porre homérico numa festa à fantasia; as chagas de Cristo apareceram nos meus dois joelhos voltando pra casa com meus amigos (só me lembro de quando chegar em casa ter olhado pros meus joelhos e me perguntado “como diabos isso foi parar aí?”); num natal tentei atropelar um carro, e não precisa ser gênio pra saber quem levou a pior; e por aí vai...
Então mais uma vez machucado minhas chances de conseguir um emprego estavam indo latrina abaixo. Até parecia que deus não queria que eu trabalhasse. Será? De qualquer jeito eu iria utilizar meu salário pra gastar em cerveja e em motel com uma mina que apareceu na minha vida, mas de qualquer forma ela, como todas as outras, acabou me chutando pelo mesmo motivo. Ah, que se foda essas vacas! Eu iria gastar tudo em cerveja e puteiros.
E lá estava eu e meu amigo no centro num dia de semana vadiando, e quando sobrava uns trocados íamos no fliperama. Eu sei, eu sei... Nada muito digno, mas quem pensa em dignidade quando está desempregado?
Estávamos passando na praça das flores, é ali na João Mendes, atrás da catedral da Sé, bem no meio da cidade, você sabe muito bem onde fica. Foi lá que eu a vi. A mesma mulher que eu havia visto quando eu tinha 15 anos e ainda povoa meus sonhos masturbatórios. Claro que se você sabe onde isso fica nem preciso dizer que era uma puta. Sempre fui afim daquela puta desde a primeira vez que a vi. Passados quase uma década estava na hora de realizar meus sonhos.
- Cara, vou comer aquela puta hoje – disse.
- Ela é muito gostosa.
- É sim. Vai ser hoje.
- Quanto será o esquema?
- R$ 40,00. Já perguntei uma vez.
- E onde que é?
- Tem um motel ali do lado que elas vão, mas é foda, sempre vi gente entrando, mas nunca vi ninguém saindo de lá.
- Aqui no centro é foda. Nunca se sabe.
- Eu é que não quero saber.
- E como você vai fazer?
- Não sei, você fica me esperando, sei lá.
- Mesmo assim é foda.
- É, eu sei. Vamos beber mais um pouco pra eu criar coragem. Beber deixa qualquer um corajoso.
Paramos num bar e começamos a beber. Hoje não teria fliperama.
Eu tinha exatamente R$ 50,00 que havia juntado sendo o pagador oficial de contas em casa e sempre sobrava alguma coisa (igual quando se tem 9 anos e sua mãe te manda comprar o pão e diz pra você ficar com o troco. É, eu sei, é vergonhoso, mas quando se está sem sorte e debilitado não há muito que se fazer) e como a fila de deficientes era menor, eu levava alguma vantagem. Sempre achei que aquela era a minha fila de qualquer jeito.
Quando os dez reais pras bebidas (cerveja e 51) haviam acabado eu já estava pronto pra atacar. Falei pro meu amigo me esperar e lá fui eu.
- Olá, moça.
- Oi, gatinho. Afim de fazer um programa gostoso hoje?
- Claro que estou. Eu passo aqui desde meus 15 anos e você sempre pisca pra mim.
- Eu pisco pra todo mundo.
- Mas eu prefiro pensar que você só pisca pra mim. A primeira vez eu não sabia o que você era, mas depois que eu descobri não fez a menor diferença. Você continua loira, bonita e gostosa.
- Que bom pra mim, não?
- Bom pra metade dos freqüentadores do centro também.
- Então, gatinho, o programa custa R$ 50,00.
- Como assim? Não era 40?
- Quando foi a última vez que você perguntou?
- Há nove anos atrás.
- Bem, isso explica muita coisa.
- Droga! Eu gastei 10 com bebidas.
- Então arranja mais dez e vamos pro motel.
- De qualquer jeito não gosto da idéia de ir nesse motel. Coisa minha.
- Então não tem jeito.
- Não, espera aí. Eu sonho com você já faz muito tempo. Faz essa pra mim.
- Não dá. O motel fica com a parte dele.
Pensando... Nossa que grande idéia! Bêbado sempre se pensa melhor.
- Você é religiosa? – pergunto.
- Não. – fazendo uma cara estranha.
- Acredita em deus?
- Não com essa vida. – com toda razão.
- A gente poderia ir ali na igreja...
- Tá maluco? Na catedral?
- Claro que não. Tem aquela igrejinha ali do lado (e tem mesmo). Lá é sempre vazio. Ainda mais essa hora.
Se ela aceitasse deus existe e confirma minha teoria que ele tem um senso de humor bizarro.
- Tá bom. Mas é só pra você. Assim eu ainda pego a grana toda pra mim. Mas e se pegarem a gente?
- Ninguém vai pegar a gente. Confie em mim (muitos já fizeram isso com conseqüências desastrosas).
Que bom que ela não estava se vestindo como uma puta, apenas como uma mulher, no máximo, extravagante. Só para que os homens torcessem os pescoço pra ver a parte traseira. Que era generosa.
Ela foi na frente e eu fui atrás sem perdê-la de vista. Como previsto a igreja estava às moscas. Ela foi pro banheiro feminino e eu esperei do lado de fora. Esperei um pouco e ela abriu a porta e entrei.
- Olha, só não vai dar pra demorar muito por motivos óbvios. Se nos pegarem a gente se ferra bonito.
- Sem problemas.
O que é um céu sem um pouco de inferno, pensei.
Entramos no reservado que estava mais afastado e que estava divinamente limpo. Esse pessoal faz um bom trabalho.
- Me paga agora.
- Com todo prazer.
Daí então começou. Ela abaixou minhas calças e começou a trabalhar.
- Puta merda! É isso aí.
Puxei um peito dela pra fora.
Ela me olhando lá debaixo com aquela carinha de safada. Eu pegando naquele peitão dentro de uma igreja. Jesus! Me esforcei pra não gozar.
Ela abaixou a calcinha, virou de costas, arrebitou aquele traseiro imenso, colocou a mão na parede e disse as tão sonhadas palavras:
- Mete gostoso.
E eu meti. Por deus, eu estava no paraíso. Colocando e tirando, colocando e tirando. Isso é bom demais. Quando estava pra gozar alguém entrou no banheiro. Tapei a boca dela e fiquei parado. A vagabunda continuava a se mexer, mas bem devagar agora.
A mulher entrou no reservado e eu pensei “por favor, deus, que ela não vá cagar”. A puta parecia estar gostando da coisa toda.
Menos de dois minutos depois estávamos sozinhos de novo. Minhas preces foram atendidas. Obrigado deus!
- Isso tá me dando um puta dum tesão, sabia?
- Sabia sim.
Daí comecei a meter com força de novo naquele buraco quente e molhado. Demorei um pouco e gozei. A melhor gozada da minha vida.
- Meu deus! Isso foi muito bom.
- Eu nem consigo me mexer.
- Gostei de você. Na próxima vez a gente repete isso.
- Na próxima vez a gente acha outra igreja, ou sinagoga, ou qualquer outra coisa.
Ela me deu um beijo e saiu.
Eu estava em êxtase e pensei em desrespeitar a casa do senhor mais um pouco. Pensei em acender um cigarro, mas sei que não é bom abusar da paciência do divino. Hoje ele já tinha dado a minha cota. Quando estava procurando meus cigarros achei uma moeda de um real. Saí de lá e depositei na caixinha de doações. Aquilo era tudo o que eu podia fazer pela igreja e aquilo foi tudo o que ela pôde fazer por mim. Nada mal. Dei uma piscadinha pra Jesus lá morto na cruz e tenho certeza que ele piscou de volta.
Ao sair da igreja meu amigo estava me esperando no bar.
- Caralho, cara, onde você estava?
- Comi a puta dentro da igreja.
- Você tem merda na cabeça.
- E quem não tem?

EU TAMBÉM... NÃO

Sempre achei estranho o fato de meus amigos só me contarem o que fizeram depois que eu contar que fiz primeiro. Por exemplo: quando eu contei que fizeram fio terra em mim, um monte de gente levantou a mão e disse “eu também!”. Quando disse que eu havia cagado nas calças, um monte de gente disse “eu também!”. Quando disse que havia bezuntado minhas bolas com leite condensado e que minha cachorra lambeu, foi a mesma coisa: “eu também!”. Daí eu pensei: O que esses caras já fizeram e não me contaram ainda?
Num dia desses em casa, comprei algumas cervejas e chamei um amigo que eu suspeitava já ter feito algumas coisas suspeitas e nunca contou pra ninguém. Bem, eu queria ser o primeiro.
Depois de algumas cervejas...
- Pô, cara, se lembra daquela vez que bebemos todas e fomos no centro?
- Claro! Fizemos um monte de merdas! E esse dia nem foi o pior.
- É verdade. Teve aquele caso com as cachorras...
- Poxa, que saudade da Charlote...
- A que fugiu por maus tratos?
Depois de varias cervejas.
- Cara, eu já chupei uma pica.
Mentira, mas esperei a reação.
- É, cara, eu também. Faz algumas semanas.
- Puta merda! Eu sabia! Viadinho de merda!
- Como assim? Você não fez a mesma coisa?
- Nem. Eu só suspeitava que tinha gente que fez mais coisas e que nunca contaram. E que como sempre sou eu que falo primeiro e depois todo mundo fala “eu também!” eu sabia que tinha que arriscar com você.
- Quer dizer que você nunca chupou pica?
- Claro que não! Tá maluco?!
- Merda!
Então ele tira uma .38 da cintura, pede desculpa, e atira bem na minha cabeça. Que viado filho da puta. Ele já estava preparado pra isso. Não vi mais nada...

No dia seguinte.
- Caralho, cara! O que aconteceu com ele? (chorando)
- Então, velho. Ele disse pra mim que tinha chupado uma pica algumas semanas atrás e se matou na minha frente. (triste pra porra)
- Sério? (confuso)
- Sério. (sério)
- Que bichona esse cara! (sorrindo)
- Foda-se esse cara e vamos tomar umas cervejas! (aliviado)

martes, 17 de junio de 2008

SOBRE MULHERES E TRABALHO

A vida continuava a mesma, ou seja, sendo vivida. Fazia tempo que ela estava sendo um tanto quanto monótona, mas ficava freqüentemente bêbado, isso quando meus amigos estavam dispostos a pagar a minha parte. Eu tinha amigos generosos e de verdade, o que era ótimo.
Tinha desistido momentaneamente das mulheres - não, eu não sou viado -, é que como todas as últimas mulheres me chutaram pelo mesmo motivo (falta de futuro aparente), eu pensei que tinha que arrumar primeiro um emprego para não ter que ouvir a história mais uma vez. De qualquer maneira eu estava sem os dois,o que não era nenhuma novidade.
Percebi que estando desempregado as coisas da vida são mais simples, porque você tem menos opções. Por exemplo: Se você está com fome e vê aquela coxinha e aquele risole quente reluzindo num bar, você simplesmente continua andando porque não pode ter nenhum dos dois. Tudo fica mais simples quando se tem tão poucas opções. E isso vale pra mais um monte de coisas. O importante é ter comida no prato e um teto sobre a cabeça, o resto é luxo. E as mulheres? Bem, não há nada que R$ 20,00 não resolva. E com mais esse problema resolvido as coisas se tornam mais claras, assim você pode concentrar seus esforços em outras coisas. Como ler, ver bons filmes, masturbação desenfreada, ficar olhando pro teto o tempo que quiser, passear com o cachorro... essas coisas.
Já fazia quase dois anos que abandonei meu emprego “pra vida toda” para me dedicar mais a escrever, mas por algum desígnio divino isso não deu muito certo. De qualquer modo ficar em casa fazendo o que quiser é melhor do que fazer as coisas que os outros mandam você fazer. Isso tudo porque cheguei à brilhante conclusão de que se o dia tem 24 hs e você trabalha 8hs, você gasta 1/3 do seu dia trabalhando, mais 8hs que você em média dorme já são 2/3. Daí sobra apenas 1/3 do seu dia pra você comer, escovar os dentes, ir ao banheiro (coisas que eu só fazia no trabalho, porque em casa eu fazia isso de graça, mas no trabalho eles me pagavam pra cagar) e fora ter que ir e voltar do trabalho que leva um tempo precioso que você já não tem. As pessoas ainda têm o péssimo hábito de falar sobre trabalho mesmo quando não estão trabalhando. No final das contas você perde dias, semanas, meses e anos sem fazer nada do que realmente queria. Isso vale a pena? E pior ainda! Injúria das injúrias! A maior maldição de todas é quando chega a noite - numa das poucas horas que você tem pra você mesmo - e na hora de dormir o que acontece? Você sonha com a merda do trabalho! Eles ainda conseguem tirar as suas horas de sono. Eu juro que quando isso acontecia eu marcava hora extra. E ainda tem gente que estuda pra no final das contas conseguir um trabalho melhor. E tudo isso pra quê? Pro espertão chegar do seu lado e dizer “faço isso pra um dia me aposentar”. Claro que isso tudo faz muito sentido. E ainda tem os viciados em trabalho que mesmo depois de aposentados continuam trabalhando, porque “se eu parar de trabalhar, eu morro”. Já morreu faz tempo.
Mas não importa, eu tenho que trabalhar, afinal eu não nasci rico. Por isso acabava indo me humilhar por um emprego sempre que a sorte ou o azar permitiam.
Como num belo dia. Fui me encontrar com um amigo que fazia tempo eu não via. Quando ele me viu, exclamou: “Caralho, cara! Você tá parecendo um mendigo!” E não era pra menos. Minha roupa estava velha e com buracos, minha barba fazia tempo que estava correndo do barbeador, meus poucos cabelos estavam desgrenhados e o olhar meio longe de quem já havia bebido umas. Para melhorar minha situação eu precisava de um incentivo extra.
E aconteceu que ao invés de conseguir um emprego para depois conseguir uma mulher, uma mulher me encontrou antes. Simpatizei com ela logo de cara e um pouco mais tarde naquela mesma noite descobri que ela bebia pra caralho, cuspia no chão, falava “eu vou dar uma mijada” e era uma exímia dançarina de funk. Achei tudo isso simplesmente do caralho. Taí um ótimo motivo pra se conseguir um emprego, afinal de contas, bebida e motel não se consegue de graça.
Acontece que nos meses que se seguiram eu perdi a mulher e ainda estou desempregado. No final das contas nada disso vale a pena. Nem mulheres e nem trabalho.