sábado, 26 de mayo de 2007

DESTILADOS

O cara mais idiota do mundo estava sentado pensando em quão idiota ele era, mas não chegou a conclusão alguma, mas mesmo assim resolveu tentar.
Tudo o que havia feito era estudar e estudar, queria ser médico, afinal seu pai também era médico.
Entrou no primeiro bar e pediu uma dose de whisky, era isso o que Clint Eastwood bebia naquele filme com o Morgan Freeman, aquele de faroeste. Isso, esse mesmo.
Virou o copo sem pensar duas vezes, mas deveria ter pensado, porque depois foi correndo vomitar no banheiro.
Ele achou que assim pareceria um cara durão, mas descobriu que não era, pois além de não estar no velho-oeste, não andava a cavalo e nem tinha uma arma na cintura.
Voltou, se endireitou, olhou em volta, ouviu algumas risadas, mas não se importou. Só não entendia o porquê do Clint Eastwood não fazer careta quando bebia, parecia que até gostava.
Tentou de novo, mas agora pediu rum, era isso o que o Johnny Depp bebia naquele filme com o Legolas, aquele de piratas. Isso, esse mesmo.
Virou o copo, mas pensou duas vezes, o que no final das contas descobriu que não fazia a menor diferença, foi correndo ao banheiro.
Ele pensou que assim pareceria durão, mas descobriu que não, pois além de não estar num barco, ele continuava sem uma arma na cintura (mas agora pensava numa arma daquelas antigas). Será que um papagaio resolveria a questão? Decidiu que não.
Voltou ao balcão e pensou no que estaria fazendo de errado. Será que estava se baseando nos filmes errados? Decidiu tentar algo mais brasileiro. Pediu uma dose de pinga.
O garçom olhou feio enquanto enchia o copo, era ele quem provavelmente limparia o banheiro.
Antes de virar o copo ele sabia que, pelo menos, não fazia diferença nenhuma se ele pensava ou não na coisa. Preferiu não pensar em nada.
Virou o copo.
Mas dessa vez ele se concentrou em não sair do lugar, em não vomitar em cima do balcão. Ficou vermelho, lágrimas corriam do seu rosto e seus pêlos se eriçaram.
Era pior do que as outras, mas pelo menos essa ele conseguiu segurar dentro do estômago.
Esperou um pouco para ver o que acontecia.
...
Nada. Nada? Não pode ser! “Mais uma, por favor”.
Mais uma e lá foi ele virar o copo de novo.
Estranho, agora ele estava se sentindo quase durão. Decidiu pedir mais uma.
Virou o terceiro copo. Então era isso o que acontecia? Ele estava gostando, e pensou por que demorou tanto pra fazer isso. Checou a cintura para ver se havia alguma arma lá. Claro que não.
A quarta desceu macia...
Mas na quinta ele caiu do banquinho.
E na sexta desmaiou.
Morreu feliz por ter tentado.

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