Meu primeiro contato com os textos foi no primário, não me lembro bem em que série, mas foi um concurso em que a escola inteira participou. Tinha que se fazer um texto (acho que tinha algo a ver com cachorros, eu sempre gostei de cachorros) e quem ganhasse teria seu texto publicado em algum lugar. Fiz meu texto e ganhei. Depois de um tempo uma mulher foi até em casa me entrevistar e até me deu uma revista qualquer, de cachorros, claro. Mas isso não me empolgou nem um pouco para que eu continuasse com isso, também eu deveria de ter nem dez anos.
Mas eu era um cara sortudo, e pra mim isso bastava. Puta merda! Eu ganhava tudo que era coisa naquela escola, concursos que eu só colocava meu nome, sorteios, brinquedos, bolas, patins, de tudo um pouco. E tinha gente que gostava de mim, e gente que me odiava; e já naquela época eu não me achava grande coisa, deve ter sido do jeito que fui criado, sei lá, eu não sei dizer.
E essa bendita sorte me acompanha até hoje, e não é só pelo fato de eu estar vivo depois de ter feito uma porrada de merdas, mas vira e mexe eu acho alguma coisa na rua, no chão mesmo. Já achei celulares, blusas, uma vez no mesmo dia achei uma nota de cinqüenta reais e na volta achei uma corrente de ouro (eu fui descobrir que era de ouro depois) que valia uns duzentos reais. Achei cinqüenta reais no dia do meu aniversário. E fora que vira e mexe aparece algum depósito perdido na minha conta. Da sorte eu não posso reclamar. Vira e mexe eu esbarro nela, sempre sem querer. Ela me persegue.
E ganhar na mega-sena que é bom? Nada.
Lembro que ainda no primário, exatamente na quinta série (não sei agora se a quinta série é primário ou ginásio) eu e um amigo publicávamos histórias semanais. Era bem fácil a coisa, eu escrevia e ele desenhava. Era uma mistura de Street Fighter com Mamonas Assassinas, tudo uma grande bagunça, mas todos adoravam, as pessoas da nossa sala pediam por mais histórias, e nós fazíamos. Era tudo muito engraçado, tínhamos nossos poderes e nossas fraquezas, mas o melhor era que sempre acabávamos em algum bar da vida bebendo e comendo umas garotas sempre muito gostosas, e eu nem sabia direito o que era isso. Não me lembro por que paramos de escrever, mas acho que foi porque perdemos o caderno em que escrevíamos, sei lá, acho que alguém roubou. Gostaria de poder ver esse caderno de novo...
Bem, depois disso tudo no primário só me lembro de uma vez quando eu estava no terceiro colegial, ou seja, contava com dezessete anos, e a professora de português pediu para que escrevêssemos um texto referente às nossas férias. Eu falei pra ela:
- Com quem a Sra. Pensa que tá falando? Com criancinhas de dez anos? Depois de anos e anos estudando e dando aulas isso é o melhor que você pode fazer?
Procurei ajuda nos meus amigos.
Nada.
- Foda-se! Eu vou fazer essa merda.
O texto que eu apresentei era exatamente assim:
Minhas férias
Nas minhas férias eu comi, caguei e dormi.
Tirei dez nesse texto. Ela disse que eu só escrevi o que precisava escrever.
Meus dois melhores amigos escreveram textos longos e profundos sobre o assunto. Eles tiraram nove. Agora era a vez deles reclamarem com a professora. Eles ficaram revoltados, e eu lá no meu canto com a sensação de serviço bem feito. Um deles até leu meu texto em voz alta pra sala. Todos deram risadas. E quem não daria?
sábado, 26 de mayo de 2007
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