sábado, 26 de mayo de 2007

MERDA ACONTECE

Ontem foi um dia particularmente interessante, caguei nas calças de novo. De novo? Sim, de novo. Com essa já foram três vezes.
A primeira vez foi já há algum tempo atrás, num lugar da zona leste. Estávamos eu e meus amigos bebendo num bar qualquer quando deu uma grande vontade de cagar. Tentei o banheiro do bar, sem chance, não era limpo há uma semana pelo menos. Falam que cu não escolhe privada, o meu naquele tempo escolhia (hoje em dia não mais), pro meu azar.
Avisei todo mundo e fui tentar chegar a tempo no banheiro do shopping que se encontrava a algumas quadras dali. Fui correndo.
Começou a cair uma puta chuva para aumentar minha desgraça.
Foi interessante quando a coisa toda começou, não havia nada que eu pudesse fazer, simplesmente não deu mais pra segurar e a merda começou a sair. Era uma merda mole, meio aquosa.
Ao entrar no shopping eu tive a estranha sensação de que todo mundo estava me olhando, como se soubessem que eu estava todo cagado. Fui o mais discreto possível e consegui chegar ao banheiro.
Quando abaixei as calças constatei que minha samba-canção nunca mais seria a mesma, enrolei tudo num grande pedaço de papel higiênico e joguei a samba-canção no lixo. Nunca mais a vi de novo. Ainda bem que a samba-canção era grande e segurou toda a merda nela. Deus salve aquela samba-canção, ela morreu em serviço e serviu seu propósito.
Dei mais uma cagadinha, me limpei e saí de lá totalmente aliviado, mas aquilo era só o início.
Depois voltei ao bar e contei pra todo mundo o que tinha acontecido. Risadas, muitas risadas.
A noite chegou ao fim e era hora de voltar pra casa.
Quando chegamos ao metrô vimos que estávamos no primeiro vagão ao invés do último, então quando as portas se abriram nos preparamos para correr até o último vagão onde era nosso lugar.
As portas se abriram e corremos.
Mais ou menos na metade do caminho eu percebi que alguma coisa ali estava errada, fui parando devagar, e quando parei totalmente percebi que pela segunda vez na noite eu havia me cagado. Merda! Você se sente incrivelmente patético quando isso acontece, ainda mais quando já é a segunda vez na noite. Meus amigos me passaram e ficaram gritando pra que eu corresse atrás deles. Eu acho que quase chorei, sei lá. Dessa vez foi diferente, nem com vontade eu estava, simplesmente aconteceu, como mágica. É, só podia ter sido mágica.
Eu fiquei preocupado quando lembrei que estava sem nada por baixo das calças. Como o metrô já estava fechando não tinha ninguém mais na estação. Fui até o canto da estação e tirei meus sapatos. Eu nunca entendi muito bem para que as meias serviam, tudo o que eu sabia era que sem elas meus pés fediam muito mais quando usava tênis, mas naquela hora eu descobri o sentido maior delas, elas servem, em último caso, para limpar a bunda.
Tirei as meias, e passei na bunda. Repeti isso várias vezes, mas sempre que as tirava da minha bunda eu limpava na torneira que tinha ali do lado meio escondida. Que nojo! Não sei quanto tempo isso demorou, mas quando o próximo metrô veio eu já estava “limpo” e com as calça fechada. Deus salve aquelas meias, elas morreram em serviço e serviram seu propósito. Joguei tudo no lixo. Pelo menos minha calça estava intacta. Antes de entrar no metrô, me deu uma vontade terrível de olhar pra cima, e quando olhei tinham dois “urubus” do metrô (um homem e uma mulher) me olhando com a maior cara de nojo do mundo, eu não os culpo por isso. Dei um sorriso meio sem graça e entrei no vagão. Tenho certeza que marquei aquelas pobres almas pra sempre.
Fora isso já teve várias vezes em que eu fui obrigado a simplesmente cagar na rua. Lembro que uma vez decorei a vitrine de uma loja com meu nome escrito em merda (bem legal, não?), mas a mais interessante foi em um show num parque em que eu tive que cagar em cima de uma árvore. Estava lá eu cagando feliz e sorridente quando começou a chover e várias pessoas desafortunadas foram se abrigar embaixo da árvore onde ao invés de frutos, cocô caia de sua copa. Só que uma pessoa teve que cortar meu barato.
- Olha lá! Tem um cara cagando em cima da árvore!
Subi minha calça e saí correndo deixando pra eles o que tinha sobrado do meu almoço.
E teve o dia de ontem.
Foi na assim chamada “virada cultural”, estava eu já meio bêbado quando fui ao show do Rogério Skylab no centro cultural encontrar um amigo meu. Entrei com minha garrafa de vinho vagabundo e fiquei lá esperando que meu amigo me visse. Depois de um tempo um outro amigo meu apareceu e fomos pro lado de fora comprar mais vinho. Falamos besteiras até o show acabar e depois de encontrar os amigos babacas e nerds dele fomos embora, o meu primeiro amigo mesmo sumiu.
Passamos numa locadora que fica na Paulista alugar uns filmes. Fazia tempo que não via caras tão tapados assim, dava dó. Meu amigo ainda falou que eles eram os caras gente fina da sala dele de Áudio Visuais, e que ainda dividia o apartamento com eles, depois disso que fiquei com dó do meu amigo.
Os caras imbecis foram comer no Mc Donalds e eu e o outro cara fomos comer Yakissoba sujo da Paulista. Infelizmente depois disso quando chegamos ao apartamento do cara, os imbecis já estavam lá assistindo aos filmes que alugaram e como o a gente tinha combinado de assistir ao filme do Bukowski que só ia começar às duas da manhã, resolvemos ficar lá e assistir também enquanto esperávamos.
O filme se chamava “Team América” e foram os caras que criaram South Park que fizeram, eu não achei grande coisa.
Eu estava lá estirado no chão curtindo o efeito do álcool quando de repente ao invés de peidar, eu me borrei todo. Na verdade nem dei muita bola pra isso na hora, achei que só tivesse peidado mesmo, só quando começou a feder que eu me preocupei. Coloquei a mão na bunda e pra minha surpresa ela saiu toda melada.
- Onde fica o banheiro mesmo?
- Primeira porta à esquerda.
Baixei as calças e olhei pra cueca. Era a minha melhor cueca. Era. Tava toda marrom agora. Fiz o já conhecido procedimento, enrolei tudo em muito papel higiênico e joguei no lixo.
Diferente do que já havia me acontecido das outras vezes vazou muita coisa pra minha calça. Merda! Minha calça cinza estava agora com um toque de marrom. Tirei as calças, dei uma lavada meio que por cima, passei um monte de xampu na bunda pra tirar o cheiro de esgoto e saí de lá como se nada tivesse acontecido.
- Só não entrem no banheiro agora. – aconselhei.
Como o vinho fez seu efeito, perdemos o pique de ir assistir o filme do Bukowski e achei melhor ir embora.
Peguei o metrô completamente vazio e fiquei limpando minha bunda em todos os assentos possíveis antes de descer.
Mesmo me sentindo terrivelmente miserável, achei que seria bom comer uma puta para levantar meu já fatigado ânimo.
Tomei uma pinga, fui dar mais uma cagada no pão de açúcar (o banheiro de lá é horrível, mas como eu já disse, meu cu não escolhe mais banheiro) e aproveitei pra roubar uma coca-cola.
Existem alguns puteiros na região, mas são três que mais freqüentamos. Um estava quase fechando e as putas estavam mais desanimadas do que eu, o outro tinha umas quinze pessoas pra cada puta, só sobrou um, então fui lá.
- Seguinte – começou o segurança logo quando cheguei – a casa já tá fechando.
- Mas dá tempo de dar uma ainda? – perguntei.
- Tem que ser rápido. Já entra, escolhe a mina e sobe.
- Sem problemas, cara.
Eu tava tão feliz que achei que o céu estivesse se abrindo. Até sorri.
- Só tem uma coisa – disse o segurança – não estamos passando cartão hoje. Acho que o gerente esqueceu de pagar o aluguel da máquina.
Eu não tinha dinheiro, só cartão.
- Mas não tem outro jeito?
- Não tem não. Já vou avisando aqui na entrada pra não ter problemas.
- Tá bom cara, valeu...
Me senti como se tivesse cagado nas calças de novo. Não se pode simplesmente vencer todas. E nesse dia eu não ganhei nenhuma.

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