sábado, 26 de mayo de 2007

SE AO MENOS EU GOSTASSE DE FUTEBOL

Hoje é Domingo. Dia de futebol. Como eu sei disso? Oras, é só escutar as pessoas lá fora gritando e soltando fogos. Isso me faz lembrar que é provável que meu pai esteja lá embaixo assistindo ao jogo. Abro a porta do meu quarto e sim, ele está assistindo ao jogo.
Droga! Assim a televisão fica ocupada. Se bem que dá no mesmo. Tv no Domingo é uma merda, por isso, talvez, que eles passem os jogos de Domingo. Dá as pessoas algo que comentar na segunda-feira no trabalho.
Pra mim que não estou trabalhando dá no mesmo, se bem que eu odiava as pessoas se divertindo com os outros por causa do time que tinha perdido, ou algo assim.
As pessoas se tornam estranhas quando o assunto é futebol, é incrível! Você sabe exatamente o que eu estou falando, pois é provável que você seja uma delas.
A maioria das pessoas que eu não conheço, mas querem puxar assunto, já chegam falando sobre o jogo de Domingo de determinado time. Pra mim isso é tudo muito chato, me limito a sorrir - mas um sorriso meio nervoso - de quem não sabe muita coisa sobre o assunto. E quando elas me perguntam pra que time eu torço eu falo “Nenhum”. A cara que eles fazem é patética. Não conseguem entender que futebol não é comigo. E quando insistem eu falo “Tá bom, eu torço pro Mandioquinha Futebol Clube”. Eles não entendem nada.
Hoje o dia tá foda. Nada pra fazer e um puta frio lá fora. Estou começando a desistir da internet e tudo que me resta é meu quarto com alguns livros amontoados, e estou sem saco pra livros hoje. Domingo: Dia do Eterno Tédio.
Domingos são perigosos, mas tem tanta gente lá fora se divertindo e eu aqui sentado sozinho, mas eu acho que é só por causa do futebol. Maldito futebol!
Depois de meia hora olhando pra tela do micro me dou por vencido e vou lá embaixo assistir a droga do jogo.
O jogo é entre o time de preto e branco e o time listrado de branco, preto e vermelho. Eu costumava torcer pro time listrado, mas isso foi há mais de dez anos. O time listrado está ganhando, mas não consigo me sentir feliz com isso.
Meu pai me alcança uma cerveja. Não que meu pai goste de futebol (nem é o time dele jogando, ele torce pra um time que joga todo de branco e vem do litoral), ele não gosta de não gostar de futebol, isso sim seria horrível pra ele, ainda mais nessa idade.
O time listrado faz mais um gol. Não sei o que fazer, mas meu pai parece gostar daquilo.
Minha mãe aparece dizendo que vai à igreja. Ela parece feliz. Penso comigo mesmo “se ao menos eu gostasse da igreja?”, ou melhor, “por que deus não vai com a minha cara?” Droga, não sei a resposta, mas entre ir pra igreja e ficar aqui sentado assistindo um jogo totalmente idiota e sem sentido pra mim eu prefiro ficar em casa, até porque eles não dão cerveja nas igrejas, e tá um puta frio lá fora. Interessante, se eles dessem cervejas em igrejas acho que eu até iria, mas...
A minha pouca atenção no jogo é desviada pela pequena discussão que surge entre meus pais. Minha mãe quer que meu pai a acompanhe à igreja e diz que se vendessem cervejas na igreja eles e os amigos dele de boteco iriam lá.
Hahahahahaha! Um pouco de humor não faz mal a ninguém.
- Tá rindo do que Daniel?
- Nada mãe, nada.
- E você? Por que não vem comigo pra...
Ela viu a cara que eu fiz e foi embora. Ela sabe que eu não sou fã de igrejas, nem de futebol.
O jogo acaba e o time listrado vence.
?
Então era só isso? Mas que bela merda.
Meu pai está contente e abre mais uma cerveja. Espero pra ver o que ele vai fazer em seguida. Ele deixa no mesmo canal e anuncia que vai assistir ao Domingão do Faustão. Isso eu não consigo agüentar.
Subo pro meu quarto, pois decidi que seria bom escrever o que me aconteceu hoje. Na escada eu paro e vejo a cara de satisfação do meu pai e lembro na cara de satisfação da minha mãe. Droga, se ao menos eu gostasse de futebol...

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